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Inflação e pandemia ameaçam recuperação na AL, alerta o FMI

22 de outubro de 2021
Fonte: Jornal Valor Econômico – SP

Em relatório, fundo projeta crescimento de 6,3% para a economia regional em 2021, seguido por uma alta mais moderada, de 3%, em 2022.

Por Roberto Lameirinhas e Lucas de Vitta — De São Paulo

A recuperação econômica pós-pandemia está em curso na América Latina e no Caribe, mas a covid-19 e as crescentes pressões inflacionárias ainda ameaçam atrapalhar as perspectivas para a região no curto e médio prazo, diz o Fundo Monetário Internacional (FMI).

O fundo projeta crescimento de 6,3% para a economia regional em 2021, seguido por uma alta mais moderada, de 3%, em 2022. Mas a maior parte dos países ainda não retornará ao nível pré-pandemia, em razão principalmente da tendência de médio prazo da fragilidade dos mercados de trabalho.

Para o Brasil, o FMI prevê crescimento de 5,2% em 2021 e de 1,5% para 2022 - abaixo da previsão média para a região. Países exportadores de commodities crescerão com mais força - como Peru (10% e 4,6%) e Chile (11% e 2,5%). O México deve crescer 5,7% e 4,9%, respectivamente.

Já para a Argentina a previsão é de 7,5% e 2,5%. As projeções são do relatório “Perspectivas para a América Latina e o Caribe: Um longo e tortuoso caminho para a recuperação”. Além da covid-19 e da inflação, o FMI vê como riscos o aperto das condições financeiras globais, dificuldades ligadas à rolagem das dívidas soberanas e agitações sociais - em um período de agenda eleitoral pesada em vários países.

As incertezas relacionadas à pandemia já eram esperadas pelo FMI, apesar do avanço significativo, embora desigual, da vacinação na região. Mas a inflação crescente, fomentada pelos gargalos nas cadeias de suprimento globais e pela alta dos preços de commodities e alimentos, também passou a ser um fator de risco para a recuperação dos países latino-americanos.

Para Nigel Chalk, diretor interino do Departamento para o Hemisfério Ocidental do FMI, os bancos centrais da região agiram corretamente ao ajustar taxas de juros para conter pressões inflacionárias. Esta tendência de alta dos preços deve se manter no curto prazo, forçando novos movimentos das autoridades monetárias.

“É provável que esses aumentos nas taxas de juros continuem em muitos países nos próximos meses. Se as expectativas de inflação se tornarem menos ancoradas, as autoridades terão de reagir de forma mais assertiva”, disse Chalk.

Em alguns países, caso da Argentina, o FMI avalia que as expectativas já estão desancoradas. Em setembro, o índice de preços ao consumidor no país chegou a 52,5% em 12 meses, taxa mais alta em toda a América Latina, com exceção da Venezuela.

Como resposta, o presidente Alberto Fernández anunciou o congelamento de preços de mais de 1.400 produtos - medida que também visa elevar a popularidade do governo antes da eleição legislativa, em novembro.

O FMI afirma que deve haver equilíbrio entre resposta à alta dos preços e retirada do apoio à atividade econômica. No relatório, o fundo recomenda a continuação do apoio à recuperação, desde que a dinâmica de inflação permita. Um fator positivo observado por Chalk é que, diferentemente de outros ciclos inflacionários, a América Latina possui hoje um contexto institucional diferente.

Nos últimos anos, ele avalia que houve grande investimento para aumentar a credibilidade dos BCs. Já a política financeira deve mudar, segundo o FMI, da estratégia de apoio abrangente para medidas direcionadas às empresas viáveis, para garantir as realocações de trabalho e capital necessárias.

Os países devem promover o crescimento inclusivo, por meio de reformas fiscais que favoreçam a expansão econômica, além de implementar medidas para intensificar a adaptação e mitigação das mudanças climáticas.

Segundo o documento, cerca de 40% da população da América Latina e do Caribe está totalmente vacinada contra o vírus, o limite da referência recomendada pelas autoridades sanitárias internacionais. As cifras permitem prever que a cobertura vacinal se estenderá para mais de 80% da população adulta da região no fim de 2022.

Apesar do avanço na imunização, Chalk destacou que “não é hora para complacência”. “As campanhas ajudaram a minimizar o impacto da pandemia, mas ainda há importantes desigualdades na disponibilidade de vacinas e elas precisam ser resolvidas”, destacou.

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