A cheia não foi só culpa da chuva
31 de julho de 2025Julio Mottin Neto
CEO da Panvel
Os gaúchos atravessam um dos períodos mais desafiadores de sua história recente. Como cidadão do Rio Grande do Sul, sinto a necessidade de uma reflexão honesta e construtiva sobre o que está por trás das enchentes cada vez mais frequentes - e, principalmente, o que podemos aprender para evitar tragédias futuras.
Eventos como as cheias de 1941, 2024 e 2025 revelam um padrão preocupante: mesmo com volumes de chuva iguais ou menores, o nível do Guaíba sobe mais a cada ano, superando antigas marcas. Isso demonstra que o problema não é só climático; há falhas estruturais acumuladas ao longo das décadas. A rápida urbanização sobre áreas naturais e a ausência de obras de contenção adequadas aumentam a vulnerabilidade das cidades. As decisões urbanas, a impermeabilização crescente e o abandono de práticas de manutenção expuseram a população a riscos que poderiam ser mitigados.
O assoreamento crescente, sem controle, reduz o calado dos afluentes e do próprio lago, diminuindo espaço para a água e acelerando o transbordamento. Até os anos 1990, dragagens eram feitas regularmente pelo poder público. Desde então, essa prática essencial foi abandonada, com prejuízos claros. O Muro da Mauá, crucial após 1941, hoje é insuficiente: foi projetado para eventos daquele tempo e não acompanha a nova realidade climática e urbana.
Observo que são necessárias medidas urgentes em três frentes: ampliar áreas verdes para infiltração urbana, retomar a dragagem regular de rios e adaptar as estruturas de contenção ao novo cenário climático. Sem ações integradas e preventivas, enchentes deixarão de ser exceção para se tornarem rotina.
Somente o esforço conjunto entre sociedade civil, setor privado e poder público trará as mudanças necessárias. O futuro exige coragem, planejamento e investimento para garantir segurança e resiliência à população do Rio Grande do Sul.
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