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Aumento da obesidade no país preocupa especialistas

03 de junho de 2024
Fonte: Jornal Correio Braziliense – DF

Autor do estudo defende maior tributação sobre alimentos ultraprocessados para frear problema

Por Rafael Vazquez — De São Paulo

A alta taxa de obesidade no Brasil deve gerar um custo de aproximadamente US$ 20,1 bilhões (R$ 105,4 bilhões) para a economia brasileira no período entre 2021 e 2030, segundo estudo conduzido por especialistas em saúde pública da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O valor projeta os custos indiretos, que incluem a perda de produtividade devido aos anos de vida produtiva perdidos.

“Estamos considerando a mortalidade prematura. As pessoas estão morrendo cedo e em idade economicamente produtiva por consequência de doenças causadas pela obesidade”, diz Leandro Rezende, professor da Escola Paulista de Medicina da Unifesp, que liderou o estudo.

Com base em outro estudo, publicado em 2019, a Unifesp estima que doenças causadas ou estimulados por excesso de peso e obesidade representavam 75% de todas as causas de morte naquele ano - nos anos seguintes a pandemia de covid-19 causou distorções nos levantamentos. A conclusão é que, se não houvesse excesso de peso ou obesidade, aproximadamente 168 mil mortes por ano no país seriam evitadas.

Rezende explica ainda que o número do custo indireto pode estar subestimado, já que o estudo considerou apenas 11 doenças relacionadas à obesidade. “Consideramos doenças cardiovasculares, diabetes, alguns tipos de câncer, doença renal. Mas há outras doenças ou condições que não foram contempladas nessa estimativa.”

A pesquisa também aponta que o custo direto sobre o Sistema Único de Saúde (SUS) deve chegar a US$ 1,8 bilhões (R$ 9,4 bilhões) no mesmo período estimado até 2030. De acordo com Rezende, o levantamento estima o cenário-base em que o percentual da população adulta brasileira com obesidade deve aumentar dos atuais 24% para perto de 30% até 2030. Projeta também que, caso medidas de prevenção sejam tomadas e a taxa permaneça no nível em que está, o SUS economizaria aproximadamente US$ 40,8 milhões (R$ 214 bilhões) até o fim da década.

Contudo, ele é pessimista em relação a possibilidade de que essa economia possa ser alcançada. Segundo Rezende, olhando o aumento da obesidade como um problema coletivo de saúde pública, a principal causa hoje é o alto consumo de alimentos ultraprocessados e há poucas chances de que o cenário seja revertido a curto prazo.

O médico e professor da Unifesp, que alerta para uma “epidemia de obesidade no Brasil e no mundo, defende uma política pública que contemple o aumento da tributação sobre alimentos ultraprocessados. “A mensagem de comer melhor e fazer exercícios é voltada ao indivíduo e tem alcance limitado. Precisamos ir além disso para não falhar.”

Para Rezende, a reforma tributária, aprovada no ano passado no Congresso e que está sendo complementada neste ano com a definição de alíquotas, deixou passar a oportunidade de colocar os alimentos ultraprocessados na lista de produtos nocivos à saúde e que podem ser mais tributos para desestimular o consumo.

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