Einstein inaugura laboratório para pesquisas em 5G na saúde
15 de março de 2023Hospital tem duas unidades de pesquisa para desenvolver soluções médicas com a quinta geração de redes móveis.
BRUNA ARIMATHEA
Não é só na rua que a rede 5G é uma ferramenta de conexão importante: em breve, ela também vai ser um instrumento médico dentro dos hospitais. De olho na tecnologia, o Centro de Ensino e Pesquisa Albert Einstein está inaugurando dois laboratórios para testes de uso da rede em saúde. A intenção é que no futuro ela possa viabilizar serviços como cirurgia digital e suporte remoto em emergências médicas.
As unidades estão em dois locais de São Paulo – uma delas, no Eretz.bio, centro de inovação e negócios do hospital. “Começamos a olhar para o 5G há um ano e meio e decidimos criar um ambiente com estrutura segura para desenvolver experimentos. Na saúde, somos treinados para não falhar, mas a inovação precisa ter um espaço para errar e aprender”, afirma Rodrigo Demarch, diretor de inovação do hospital.
Parte das pesquisas não é exatamente novidade na rotina médica – a diferença agora é o 5G. A quinta geração de redes móveis chegou ao País em julho de 2022, com velocidade de conexão até dez vezes maior do que a geração anterior.
Em um dos estudos, o laboratório analisa o uso da tecnologia em um produto de inteligência artificial (IA) aplicada a imagens médicas. O projeto é uma plataforma que compara imagens de ressonância magnética para tentar prever os riscos de um acidente vascular cerebral (AVC). Hoje, essa plataforma funciona com a rede 4G, mas a pesquisa quer identificar se é possível ser mais eficiente com o 5G.
A nova geração de rede é capaz de melhorar a comunicação de sistemas, aparelhos e informações. Por conta da velocidade, o 5G se mantém estável mesmo com um grande número de aparelhos conectados ao mesmo tempo.
Além disso, a tecnologia é visada porque possui menor latência (tempo de condução da informação na rede). Na medicina, essa característica pode ajudar em uma cirurgia remota, diminuindo o tempo de resposta no comando de um robô pelo médico.
No laboratório do Einstein, porém, não é apenas a parte robótica que deve se beneficiar. Outra área menos futurista, mas ainda importante, é forte candidata a ser uma das primeiras a adotar a rede: a transferência de dados.
Com o desenvolvimento de equipamentos mais sofisticados – seja em imagens, radiologia ou mesmo análises mais extensas –, os produtos de diagnósticos se tornam arquivos mais pesados, às vezes com centenas de gigabytes. O 5G também pode agilizar a forma como esses documentos são transferidos.
NOVO CAPÍTULO.
O laboratório não está sozinho na exploração do 5G. O InovaHC, centro de inovação em saúde da Universidade de São Paulo (USP), também conduz pesquisas que integram o 5G com serviços médicos. Segundo Marco Bego, diretor de inovação do InovaHC, já existem estudos ligados à rede pública e a parcerias privadas para testar a rede em ultrassonografias remotas.
“Esse tipo de tecnologia ajuda em locais onde não existem médicos especialistas. Assim, é possível ter remotamente um diagnóstico em tempo real e sem atrasos mesmo com o grande volume de imagens”, explica Bego.
COBERTURA.
Mas quem lidera a corrida pelo uso do 5G na saúde também precisa encarar outro desafio além da medicina: como se trata de uma tecnologia relativamente nova, a rede ainda não tem abrangência em todo o País, o que pode dificultar a implementação das descobertas na prática.
De acordo com o Ministério das Comunicações, até novembro de 2022 apenas 24% da população brasileira tinha acesso à nova geração, restrita às capitais
Além disso, ainda é preciso avançar no campo da pesquisa para que a tecnologia se torne popular dentro dos hospitais. Para Demarch, porém, o caminho está em vias de pavimentação para que o 5G possa, de fato, mudar a forma como a medicina opera atualmente.
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