Grupo de saúde do G20 foca em combate à desigualdade
01 de novembro de 2024Documento final de força-tarefa aborda ação coordenada em pandemias e inclui coalizão de vacinas
Por Victoria Netto — Do Rio
O combate às desigualdades e a futuras pandemias norteou a declaração final da Força-Tarefa Conjunta de Finanças e Saúde do G20, cujo último encontro ocorreu nesta quinta-feira (31), no Rio. O documento, com 14 páginas, também aborda a necessidade de ampliar investimentos em sistemas de saúde para proteger a economia global. O material também inclui um dos principais pleitos do Brasil, que era o apoio do G20 à criação de uma coalizão para a produção local e regional de vacinas e medicamentos. A ideia é reduzir a dificuldade de acesso a esses imunizantes entre países.
Desde terça-feira (29), a força-tarefa trabalhava no documento final. A coalizão será composta voluntariamente por Estados-membros do G20, bem como países não pertencentes ao G20 e organizações internacionais. Terá como base o financiamento voluntário, sem criar novos instrumentos de financiamento e sem contribuição obrigatória ou fixa dos membros da coalizão.
Na reunião, os ministros discutiram formas de orientar governos e coordenar respostas a futuras emergências sanitárias, à luz dos problemas enfrentados na pandemia de covid-19. Com isso, foram apresentados o “Relatório Global sobre Vulnerabilidades e Riscos” e um primeiro esboço do “Manual Operacional para Financiamento de Resposta a Pandemias”.
Obstáculos de acesso a vacinas mostraram face da desigualdade”
— Mauro Vieira
"A equidade em saúde é uma das nossas prioridades e um princípio transversal em todas as discussões que estamos promovendo. Precisamos combater as desigualdades e proteger nossas populações mais vulneráveis”, afirmou a ministra da Saúde do Brasil, Nísia Trindade. Ela destacou ainda a necessidade de colaboração entre os setores: "A saúde é um investimento que ajudará a proteger nossas sociedades e impulsionar nossas economias".
A força-tarefa trabalhou em torno de três prioridades em 2024. A primeira se refere à necessidade de iniciativas de financiamento projetadas para enfrentar os determinantes sociais da saúde, como segurança alimentar e moradia, que afetam o bem-estar populacional. Outra prioridade diz respeito à melhoria da avaliação da saúde global e das vulnerabilidades socioeconômicas. A última trata do potencial de acordos para a troca de dívidas por investimentos em saúde pública - ferramenta financeira que poderia ajudar especialmente os países onde o endividamento limita recursos essenciais.
Os ministros também discutiram a criação de um rastreador de financiamento para identificar lacunas e facilitar o apoio financeiro aos países mais afetados pela Mpox, sobretudo em países da África, que são os mais afetados.
Também no encontro, o chanceler do Brasil, Mauro Vieira, afirmou que cuidar da saúde das pessoas é uma parte fundamental do esforço de redução de desigualdades. “Na pandemia de covid-19, ficaram evidentes as disparidades de meios para prevenir emergências sanitárias. Os obstáculos de acesso a vacinas mostraram a face mais perversa da desigualdade”, disse.
Em participação virtual, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, enfatizou a importância da cooperação internacional para o enfrentamento da covid-19 e disse que as crises são maiores sobre as populações mais vulneráveis. “Não podemos perder de vista que a desigualdade econômica e social agrava os impactos de crises econômicas, pandemias, eventos climáticos extremos e conflitos geopolíticos.”
Você é jornalista? Participe da nossa Sala de Imprensa.
Cadastre-se e receba em primeira mão: informações e conteúdos exclusivos, pesquisas sobre a saúde no Brasil, a atuação das farmácias e as principais novidades do setor, além de dados e imagens para auxiliar na produção de notícias.
Vamos manter os seus dados só enquanto assim o pretender. Ficarão sempre em segurança e a qualquer momento, pode deixar de receber as nossas mensagens ou editar os seus dados.