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Investimento em infraestrutura no Brasil vai desacelerar este ano, prevê consultoria

25 de setembro de 2025
Fonte: Jornal Valor Econômico – SP

Após alta de 9,6% em 2024, consultoria prevê avanço de 4,1% em 2025, abaixo do que o país vai precisar lidar com novas demandas no setor.

 

Por Alessandra Saraiva — Do Rio

 

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Os investimentos em infraestrutura no Brasil subiram 9,6% em 2024 ante ano anterior, para R$ 266,8 bilhões. Para 2025, o setor deve terminar o ano com investimentos de R$ 277,9 bilhões, alta de 4,1% ante ano passado. A projeção consta da “Carta de Infraestrutura”, da Inter.B Consultoria Internacional de Negócios, antecipada ao Valor. O trabalho mapeia a alocação de recursos no setor ao longo dos anos.

 

Claudio Frischtak, especialista em infraestrutura, sócio da Inter.B e autor do levantamento, classificou como boa a performance da área nos anos recentes. Mas faz alerta. Para que se continue a crescer em infraestrutura, é preciso um ritmo mais forte de investimentos. Nas décadas que virão, explicou, o setor contará com novas demandas, como a necessidade de adaptação maior da infraestrutura brasileira às mudanças climáticas e ao crescimento da população, principalmente nas metrópoles.

 

Essas novas demandas devem exigir acréscimo de alocação de recursos de quase 1% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, da ordem de R$ 60 bilhões ao ano no setor de infraestrutura até 2045, estimou Frischtak. Ao falar sobre investimentos no setor, Frischtak informou que houve uma arrancada na alocação de recursos em saneamento nos anos recentes. Isso foi influenciado pelo Novo Marco Legal do Saneamento Básico, instituído em 2020, que definiu melhor as regras para se investir nessa área no país.

 

Investimentos em saneamento, que giravam em torno de R$ 24,1 bilhões em 2022, devem terminar 2025 com quase o dobro desse volume, atingindo R$ 46 bilhões no fim do ano, segundo cálculos da consultoria.

 

Outro destaque foi o segmento de transportes, acrescentou. Foram feitos investimentos estaduais em infraestruturas existentes na área, como ferrovias, portos, rodovias, nos últimos anos, lembrou. A estimativa para 2025 é de R$ 90 bilhões em transportes, 50% acima de 2022 (R$ 59,7 bilhões) e 6,3% acima de 2024 (R$ 84,6 bilhões).

 

Já em termos de volume, energia elétrica continuou líder, em infraestrutura no Brasil, com investimentos acima de R$ 100 bilhões desde 2022, de acordo com a consultoria. Para 2025, a projeção é de R$ 113,2 bilhões aplicados no segmento, alta de 0,3% ante 2024 (R$ 112,8 bilhões).

 

Frischtak reiterou, porém, que o avanço de investimentos, no passado, não garante continuidade de crescimento do setor, no futuro. Uma das mais importantes seções do estudo, continuou ele, é dedicada ao “esforço adicional” a ser feito, em alocação de recursos, para expansão saudável da infraestrutura, e concatenada com novas demandas.

 

O especialista explicou que, há cerca de oito anos, calculou a necessidade de se investir cerca de 4,16% do PIB por duas décadas para o desenvolvimento eficiente da infraestrutura brasileira. No entanto, tendo em vista toda a mudança de contexto para os próximos anos, ele revisou a projeção. Nos próximos 20 anos, será preciso investir 4,65% do PIB ao ano para que o setor no país possa alcançar “o estoque alvo” da infraestrutura, afirmou. Esse é o termo que indica a quantidade ideal de infraestrutura que um país ou região precisa ter para garantir um desenvolvimento econômico e social adequado.

 

Entre os setores que mais vão exigir atenção nos próximos anos, está o de saneamento, informou. O pesquisador fez o levantamento com base em dados da Associação e Sindicato das Operadoras Privadas de Saneamento (Abcon-Sindcon). No cálculo, são estimados investimentos de R$ 985 bilhões até 2033 para universalizar o acesso a serviços de água e tratamento de esgoto, meta prevista no marco legal do setor. Outro esforço de investimentos deve ser feito no setor de transportes, que ainda opera de forma desigual entre regiões do país e diferentes modais, assinalou Frischtak.

 

Na prática, disse, o que se recomendou no estudo foi um passo a passo de como se chegar a uma agenda de modernização da infraestrutura no Brasil para os próximos anos. E, para atingir tal meta, não é suficiente apenas a alocação de recursos, comentou. Outras recomendações se fazem necessárias, disse o especialista.

 

Em primeiro lugar, Frischtak defendeu que a modernização da infraestrutura seja perseguida como política de Estado, de forma contínua. E não alterada a todo momento, a depender de mudanças de governos.

 

Para ele, a boa expansão dos investimentos, bem como decisões corretas de alocação de recursos, depende de contexto específico. É preciso, segundo Frischtak, ter segurança jurídica eficaz e, ao mesmo tempo, previsibilidade regulatória. Somente assim o investidor pode chegar a um processo de planejamento eficaz, com informações detalhadas, sobre os projetos para que possam ser elaborados em bases rigorosas. “Não haverá modernização da infraestrutura do país fora desses princípios”, concluiu Frischtak.

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