Medley atrai interesse de gigantes farmacêuticas nacionais
17 de setembro de 2025Sanofi pretende levantar US$ 1 bilhão, mas propostas de rivais ficam em US$ 600 milhões
Por Mônica Scaramuzzo — De São Paulo
Pelo menos quatro farmacêuticas nacionais devem fazer oferta para comprar os ativos da Medley, que pertence ao grupo francês Sanofi, apurou o Valor com duas fontes. Aché, EMS, Hypera e União Química estão avaliando apresentar proposta pelo laboratório, que produz importantes medicamentos de genéricos.
Os franceses querem pelo menos US$ 1 bilhão pelo laboratório, mas pessoas a par do assunto acreditam que o negócio saia por menos - entre US$ 500 milhões e US$ 600 milhões. A expectativa é que a venda ocorra até o início de 2026.
O negócio é complementar ao portfólio das gigantes nacionais por ter um portfólio de medicamentos genéricos, incluindo analgésicos e produtos cardiovasculares.
O grupo francês contratou o Lazard como assessor financeiro no ano passado para descruzar as operações entre Sanofi e Medley e preparar o laboratório de genéricos para a venda. O colunista Lauro Jardim, de O Globo, informou que executivos da multinacional estão nesta semana no Brasil para conversar com potenciais compradores.
Na Faria Lima, o processo de venda da Medley é considerado competitivo. Fontes acreditam que fundos de private equity (que compram participações em empresas) também podem se interessar pelo negócio e apresentar propostas.
A multinacional Sanofi comprou a Medley em 2009, por cerca de R$ 1,5 bilhão, tomando a frente do mercado de genéricos. Na época, a companhia adquirida tinha vendas anuais da ordem de R$ 500 milhões. Fontes ouvidas pela reportagem afirmam que o Ebtida (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da companhia gira em torno de R$ 200 milhões.
Com endividamento alto, a Sanofi está focando em negócios considerados mais estratégicos, como em medicamentos inovadores. O segmento de genérico não é mais tão atraente para a multinacional francesa.
Marcus Sanchez, vice-presidente da EMS, uma das maiores farmacêuticas do país, disse ao Valor que o empresa tem interesse nos ativos e que a companhia rival tem importantes medicamentos, considerados complementares ao extenso portfólio da empresa. A EMS tem investido pesadamente para expandir seus negócios no segmento e também em tratamento de obesidade.
O laboratório Aché também tem interesse nos ativos, afirmou José Vicente Marino, presidente da farmacêutica.
A União Química também tinha manifestado interesse nos ativos da rival, mas ainda aguardava mais detalhes da operação para avaliar fazer um lance.
Procurada, a Sanofi informou que não comenta rumores de mercado. A Hypera não vai se manifestar sobre o assunto. Já a União Química não retornou os pedidos de entrevista.
Os grupos farmacêuticos nacionais têm se movimentado em operações de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) nos últimos meses. Em outubro do ano passado, a EMS fez uma oferta hostil para a compra da Hypera - proposta que foi rejeitada pela companhia de João Alves de Queiroz Filho. A empresa de Sanchez começou a comprar ações da companhia na bolsa e chegou a ter cerca de 5% de fatia na companhia da rival.
A ofensiva de Sanchez sobre a rival levou a Hypera a fazer um novo acordo de acionistas. Em julho, o grupo Votorantim elevou participação na companhia a 11%. O novo bloco de controle, que também reúne João Alves de Queiroz Filho, com aproximadamente 27% de fatia, e a mexicana Maiorem, com cerca de 15%, detém 53% de participação na gigante farmacêutica.
Você é jornalista? Participe da nossa Sala de Imprensa.
Cadastre-se e receba em primeira mão: informações e conteúdos exclusivos, pesquisas sobre a saúde no Brasil, a atuação das farmácias e as principais novidades do setor, além de dados e imagens para auxiliar na produção de notícias.
Vamos manter os seus dados só enquanto assim o pretender. Ficarão sempre em segurança e a qualquer momento, pode deixar de receber as nossas mensagens ou editar os seus dados.