Mercado de trabalho deve continuar aquecido até fim do ano, aposta FGV
05 de setembro de 2024“Os dados da Pnad, com recorde de população ocupada, já mostravam isso”, diz Rodolpho Tobler, economista do Instituto Brasileiro de Economia Fundação Getulio Vargas
Por Alessandra Saraiva, Valor — Rio
O mercado de trabalho deve continuar aquecido até o fim do ano, afirmou Rodolpho Tobler, economista do Instituto Brasileiro de Economia Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre). O técnico fez a avaliação ao comentar a alta, em agosto, de 1,5 ponto no Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp), para 83,1 pontos – a maior pontuação desde setembro de 2022 (83,8 pontos). O dado foi anunciado pela fundação nessa quarta-feira (4).
No entendimento do economista, o indicador evidencia o intuito dos empresários em abrir vagas nos próximos meses. Mas ele alerta que isso pode mudar, no longo prazo, a depender da trajetória futura da taxa básica de juros (Selic).
Outra pesquisa já havia indicado emprego em alta até julho, conforme o IBGE informou, no fim de agosto, na pesquisa Pnad Contínua, relembrou Tobler. Na aferição, a taxa de desemprego ficou em 6,8% no trimestre terminado em junho, menor nível para trimestre finalizado naquele mês da história da pesquisa, iniciada em 2012. A população ocupada também foi recorde no trimestre encerrado em julho, completou o instituto na ocasião.
“O mercado de trabalho opera aquecido, e os dados da Pnad, com recorde de população ocupada, já mostravam isso”, resumiu.
Ao ser questionado das razões de continuidade no ímpeto de abertura de vagas, o especialista ponderou que isso tem a ver, principalmente, com a atividade econômica aquecida, com demanda interna em alta. Ele apontou a alta de 1,4% no Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre ante o primeiro, anunciada, nessa terça (3), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ou seja, até junho, a economia encontrava-se em boa trajetória, comentou.
Isso é percebido pelos empresários, que não contratam mais a não ser que se tenha demanda que justifique novas vagas, observou. “Uma coisa que também vemos é que diferente do ano passado, quando a expansão na atividade econômica foi mais impulsionada pela agropecuária; a alta da economia em 2024 é mais disseminada”, notou ainda.
Quando indagado sobre a possibilidade de continuidade de altas no IAEmp, em horizonte de longo prazo, para 2025, Tobler foi cauteloso. Ele afirmou que a economia mais aquecida do que o esperado renovou apostas do mercado em novas subidas na taxa Selic. Isso porque atividade mais aquecida pode levar a uma maior pressão inflacionária.
Nesse caso, uma das estratégias usadas pelo Banco Central é elevar a Selic, que norteia juros de mercado, para inibir consumo e, com isso, diminuir o ritmo de demanda interna – o que acaba ajudando a “frear” avanço da atividade econômica como um todo, observou ele.
Com isso, continuou o economista, caso ocorra diminuição no ritmo da demanda, atualmente aquecida, os empresários podem não se sentir tão mais propensos a abrir vagas, explicou Tobler.
No entanto, mesmo que ocorra alta na Selic esse ano, o efeito de uma elevação na taxa, na economia real, opera com defasagem de seis meses a nove meses. Ou seja: não afetaria a cadência da economia, e do consumo, de forma imediata, em curto e médio prazos. Isso ajudaria a manter mercado de trabalho aquecido até o término de 2024, ressaltou o economista.
“Creio que o IAEmp continuará em trajetória positiva até fim do ano. Podem ser mais brandas ou tímidas, com alguma oscilação, mas serão altas”, disse.
Você é jornalista? Participe da nossa Sala de Imprensa.
Cadastre-se e receba em primeira mão: informações e conteúdos exclusivos, pesquisas sobre a saúde no Brasil, a atuação das farmácias e as principais novidades do setor, além de dados e imagens para auxiliar na produção de notícias.
Vamos manter os seus dados só enquanto assim o pretender. Ficarão sempre em segurança e a qualquer momento, pode deixar de receber as nossas mensagens ou editar os seus dados.