Negócios veganos ganham mais espaço em Porto Alegre
11 de agosto de 2022Quem caminha pelas ruas do Bom Fim, na Capital, pode encontrar diversas opções para uma dieta vegetariana (sem consumo de carnes) ou vegana (sem componentes de origem animal, como queijo). O bairro é um dos tantos onde esse segmento, na contramão de restaurantes em geral, se expandiu durante a pandemia.
De março de 2020 a julho de 2022, oito estabelecimentos do tipo fecharam as portas em Porto Alegre. No entanto, ao menos 13 abriram, conforme dados do Sindicato de Hospedagem e Alimentação de Porto Alegre e Região (Sindha).
Um desses novos espaços é a Rocco Trattoria Vegana, na Rua Irmão José Otão, inaugurada em maio pelo advogado e publicitário Carlos Silva, 38 anos, e sua esposa, a chef de cozinha e, agora, empresária Camila Langbeck, 29. A ideia de criar a trattoria surgiu do gosto do casal por massas e da busca por afunilar o nicho.
Silva e Camila já eram proprietários de um restaurante vegetariano, onde os pratos mais pedidos eram veganos, e decidiram mudar de rumo.
- A gente fez uma breve pesquisa e não existia nada no Rio Grande do Sul de trattoria vegana - conta Silva.
Na Rocco, todos os pratos e até bebidas são veganos. A aposta da casa são as massas frescas. A mais famosa é a versão vegana da carbonara.
Engana-se quem pensa que apenas aqueles que optam por esse estilo de vida frequentam esses restaurantes. Os adeptos costumam levar amigos, namorados e familiares apreciadores de comidas de origem animal, e até mesmo curiosos buscam os espaços.
- A gente acaba fazendo esse papel social também de porta de entrada, desmistificando um pouco os preconceitos que existem sobre a comida vegana e achismos de que é tudo baseado só em salada - destaca Silva.
Diversificado
Dos 43 estabelecimentos do segmento vegano/vegetariano atualmente em funcionamento na Capital, há diversos nichos: pizzarias, comida árabe, lancherias, cafés, como o Angélica, bares e até mesmo churrascarias, a exemplo do Picanhas Grill Veg.
Com uma proposta para frequentadores veganos que têm de se contentar em comer polentas ou batatinhas em bares, surgiu a Casa Revoa, na Cidade Baixa - onde tudo é vegano. O local foi aberto em novembro de 2021 e é administrado pelos sócios Arthur de Abreu, 29 anos, projetista, e Lucas Rufino, 27, designer.
- Foi tudo desenhado e projetado para que não seja um bar exclusivamente para veganos, a galera de bar tradicional pode sentar e não vai sentir falta de nenhum produto - afirma Abreu.
O cardápio é variado e típico de boteco: petiscos, hambúrguer, xis, pancho, drinques - e até mesmo cheesecake. O objetivo é ampliar o espaço para além do bar, com outras opções durante a tarde.
- Em Porto Alegre, um clássico é a maionese. Nos nossos finger foods com maionese, o pessoal fala: "Que maionese é essa? Não pode ser vegana". A ideia é quebrar esses conceitos e fazer um alimento gostoso em um ambiente gostoso - destaca Rufino.
Lanches
Quem também observou esse aumento na procura foi Emiliano Varela, 26 anos. Proprietário de um estúdio de tatuagem e empregado em um restaurante, viu seu negócio fechar as portas e foi demitido do estabelecimento onde trabalhava à noite devido à pandemia.
Buscando se reinventar, apostou em um clássico gaúcho que a esposa Rieli Werlang, 33 anos, adora: xis. Foi assim que nasceu a Veg Food Stigma.
- O lanche vegano acabou dando tão certo que deixei o estúdio de tatuagem como segundo plano - conta Varela.
O restaurante ainda opera apenas por telentrega, sem um local físico. O cardápio, hoje, conta com diversos lanches veganos e vegetarianos, como xis, cachorro-quente, hambúrguer - e, em breve, porções.
A iniciativa permitiu ao casal comprar uma casa, que, no próximo mês, também abrigará o restaurante. Será a primeira lancheria vegana temática de Porto Alegre, com foco medieval, intitulada Dragão Verde. A inauguração ocorrerá na estreia da série O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder, em 2 de setembro.
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