O câncer e o mercado de trabalho
07 de novembro de 2024Do começo ao recomeço, entenda como a falta de informação é cruel e tira profissionais saudáveis de suas atividades anteriores ao tumor.
Victor Piana, CEO do A.C.Camargo Cancer Center
Ao receber um diagnóstico de qualquer doença, é normal precisar se afastar do trabalho para se tratar, certo? Depois de curada, a pessoa retoma suas atividades profissionais. Vida que segue, não é? Nem sempre.
Com o câncer, o que vemos é cada vez mais pacientes curados serem ou desligados de suas empresas ou colocados de lado, como se fossem “café com leite”, aqueles que estão na quadra, mas não contam como jogadores. Porém, muitos pacientes oncológicos, após seus tratamentos ou mesmo durante, estão totalmente prontos para seguirem com seus trabalhos de forma produtiva. Inclusive, manter suas atividades ajuda – e muito – na saúde mental do paciente e na aderência ao tratamento.
“Claro que a funcionalidade de um paciente oncológico depende de aspectos como a sua fragilidade pré-câncer, a agressividade da doença, a intensidade do tratamento e, claro, o seu desejo de continuar, ou não, trabalhando”, diz Dr. Victor Piana, CEO do A.C.Camargo Cancer Center. “Sabemos que essa é uma patologia grave, que pode, em alguns casos, impedir a volta ao que se fazia antes. Mas isso não vale para todo mundo. Temos pacientes que não sofrem tantos impactos. É preciso considerar todas as variáveis antes de concluir se ele pode ou não manter suas atividades.”
Benefícios para todos Apoiar o paciente a continuar com suas atividades contribui tanto para os aspectos psicológicos quanto para os financeiros, já que doença implica, necessariamente, aumento nas despesas. Para Piana, há, ainda, o fator social a ser considerado. “Manter o convívio no ambiente de trabalho, desde que o paciente queira, pode não só contribuir para a sua recuperação como, também, estimular a conversa a respeito do câncer, desconstruir tabus e preconceitos.”
Por fim o executivo reforça: “Não é sobre empregar por pena, afinal, ninguém perde capacidade intelectual, experiência profissional ou ética porque teve câncer. Ao contrário, muitas vezes a pessoa ressignifica a vida e aporta muito mais às empresas que lhes dão a chance de mostrar todo seu potencial”.
Exemplo dentro de casa Anaísa Lübeck, superintendente de Pessoas no A.C.Camargo Cancer Center, conta que há alguns anos a instituição vem implementando uma política de recolocação com seus colaboradores. “Hoje temos em nosso quadro diversos profissionais que têm ou já tiveram câncer e trabalham felizes e sem perda de produtividade. São 93 profissionais, 18 em tratamento e 75 em acompanhamento”, contabiliza.
“Hoje sabemos como a saúde mental impacta no processo de recuperação. Por isso é tão importante que as empresas procurem apoiar seus funcionários. Talvez seja preciso realocá-los ou revisar suas jornadas, mas esses cuidados deveriam fazer parte das estratégias de diversidade e inclusão das companhias”, finaliza.
Não é sobre empregar por pena, afinal, ninguém perde capacidade intelectual, experiência profissional ou ética porque teve câncer”. Dr. Victor Piana, patologista e presidente do A.C.Camargo Cancer Center.
Você é jornalista? Participe da nossa Sala de Imprensa.
Cadastre-se e receba em primeira mão: informações e conteúdos exclusivos, pesquisas sobre a saúde no Brasil, a atuação das farmácias e as principais novidades do setor, além de dados e imagens para auxiliar na produção de notícias.
Vamos manter os seus dados só enquanto assim o pretender. Ficarão sempre em segurança e a qualquer momento, pode deixar de receber as nossas mensagens ou editar os seus dados.