PIB gaúcho recua no segundo trimestre
25 de setembro de 2025Queda de 2,7% foi puxada pela quebra da safra de soja, apontam especialistas. Redução na agropecuária chegou a 21,4% no período de abril a junho deste ano. A indústria registrou avanço de 0,8%, enquanto os serviços tiveram um leve crescimento de 0,3%
Mathias Boni
Impactado pela quebra da safra de soja, o Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul teve queda no segundo trimestre deste ano. A redução foi de 2,7% tanto em relação ao primeiro trimestre de 2025, quanto na comparação com o segundo trimestre de 2024.
No mesmo período, o PIB nacional registrou alta de 0,4% sobre os três meses imediatamente anteriores, conforme dados do IBGE. Na comparação com o segundo trimestre do ano passado, a economia do Brasil cresceu 2,2%.
Os dados do PIB gaúcho foram divulgados ontem pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE), vinculado à Secretaria de Planejamento do governo estadual.
Estiagem e enchente
Conforme os pesquisadores do DEE, a quebra da safra de soja afetou diretamente os resultados deste segundo trimestre. A agropecuária despencou 21,4% no período em relação ao primeiro trimestre.
- Por ser o principal produto agropecuário do Estado com larga vantagem sobre o segundo, e ter a produção quase totalmente concentrada nesse período, o impacto da soja sobre o PIB é muito forte. Quando a gente olha ao longo do ano, essa queda vai diluir, a perspectiva é de que a agropecuária tenha uma queda no ano, mas bem menor do que essa que foi apresentada no segundo trimestre - explica Martinho Lazzari, pesquisador do DEE.
Conforme o DEE, a soja corresponde a cerca de 70% dos resultados de agropecuária no segundo trimestre do ano no Estado.
- A estiagem para a economia do Rio Grande do Sul é pior do que uma enchente, e acho que os números mostram isso - afirma o economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Antônio da Luz. - Tivemos em 2023 uma estiagem, em 2024 uma enchente e em 2025 uma outra estiagem, e o que nós vimos? Economia crescendo no ano da enchente e decrescendo nos dois anos de estiagem. A gente precisa olhar muito para essa questão de irrigação, de mitigação de mudanças climáticas, poder irrigar as nossas lavouras, isso faz toda a diferença no resultado - acrescenta.
Tomás Fiori, diretor do DEE, lembra que, apesar da queda registrada na soja, a safra do ano passado foi muito boa, ou seja, a queda agora ocorre em um patamar elevado.
Os outros segmentos da economia gaúcha apresentaram leves variações positivas. A indústria registrou crescimento de 0,8%, puxada principalmente pela indústria de transformação, que teve alta de 2,1%, com destaque para a produção de máquinas e equipamentos agrícolas.
Base deprimida
Os serviços também apresentaram pequeno avanço, de 0,3%, reforçados principalmente por serviços de informação (0,7%) e outros serviços (1,0%). O comércio, entretanto, apresentou recuo, de 0,9%, registrando a segunda queda consecutiva.
- Os avanços recentes da indústria de transformação ocorreram em cima de uma base de comparação bastante deprimida, lembrando também que a leitura ainda não capturou os efeitos do tarifaço e que nosso parque fabril foi proporcionalmente mais afetado no confronto com importantes Estados produtores. Por sua vez, os serviços seguem exibindo resiliência. O segmento apresenta uma relação intrínseca com o mercado de trabalho, de tal sorte que o aquecimento do emprego colabora para que a massa de salários suba acima da inflação - pondera o economista-chefe da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre, Oscar Frank.
No acumulado dos dois primeiros trimestres deste ano, o PIB gaúcho registra pequena queda, de 0,5%. No período, a agropecuária teve redução de 13,3%, enquanto a indústria teve crescimento de 1,7% e os serviços tiveram alta de 2,5%.
No acumulado de 12 meses, por outro lado, o PIB do Rio Grande do Sul sobe 1,7%. O resultado reflete principalmente o crescimento dos serviços, com 3,5%. A indústria avança 0,3% e a agropecuária recua 9,2%. _
O desempenho
Evolução do PIB gaúcho nos últimos trimestres (em relação aos três meses imediatamente anteriores).
1º trimestre/24 4,2%
2º trimestre/24 -0,1%
3º trimestre/24 -0,5%
4º trimestre/24 0,8%
1º trimestre/25 1,3%
2º trimestre/25 -2,7%
Fonte: DEE/RS.
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