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Raia Drogasil volta a focar em SP e vê rivais com dificuldades no país

07 de março de 2024
Fonte: Jornal Valor Econômico – SP

Cadeia fala em ‘ajuste’ no plano de aberturas; rede perdeu ritmo no fim de 2023.

Por Adriana Mattos — De São Paulo

A Raia Drogasil (RD) voltou parte de sua artilharia para São Paulo, Estado sede das marcas e centro decisório do grupo, após a região ter perdido protagonismo no ritmo de aberturas.

A empresa chegou a abrir de 30% a 40% das novas unidades na região entre 2017 e 2019, segundo dados de balanço, mas a fatia se reduziu. Em 2022, 10% das inaugurações ocorreram no Estado, e a ideia é acelerar esse percentual.

Foram 26 inaugurações no Estado paulista em 2022, e houve uma retomada em 2023, para 63. Para este ano, esse número deve ficar na faixa de 60 a 70, disse o CEO, Marcílio Pousada. Se chegar nos 70, será até 25% das aberturas. Estão previstas de 280 a 300 inaugurações em todo o país neste ano.

“Expansões têm caráter cíclico, a gente faz lojas e depois para e espera, para respirar, esperar amadurecer. Em São Paulo deixamos assim, e aí respiramos muito, então, estamos voltando”, disse em teleconferência ontem Eugenio De Zagottis, vice-presidente de relações com investidores e novos negócios.

A percepção no mercado é que há espaço para aceleração maior da rede em certas cidades do Estado - mesmo sendo uma região com grande quantidade de lojas - e que isso ficou em segundo plano, pelo foco maior da cadeia no Sul, Nordeste e Centro-Oeste.

Não se trata de sair abrindo de forma “desenfreada”, dizem os executivos, mas parte de um ajuste interno. O grupo também nega ser uma reação a um aumento da rivalidade local, e continua a ver um ambiente de redes menores, de 30 a 40 lojas, com dificuldades financeiras no país, algo que cresceu após a alta na taxa Selic.

“São Paulo é um mercado excepcional para a gente, mas para o resto é a Sibéria. Os outros se perdem porque é uma competição com os dois maiores do país. E nós dois estamos jogando em casa”, diz Zagottis. Apesar disso, há movimentos recentes de grande grupos. A Farmácias Nissei, do Paraná, após financiamento do Farallon Capital fechado em 2023, vai focar aberturas em 2024 no Estado.

Amanhã, a empresa abre a unidade 3.000, em Itapipoca (CE), quatro anos após abrir o número 2.000.

Sobre os resultados de 2023, a RD sentiu desaceleração no ritmo de expansão no quarto trimestre, mas diz que houve avanço nessa velocidade no início de 2024. Ontem, as ações fecharam em alta de 2,5% porque agradou aos investidores a perspectiva de que foi algo pontual. A direção disse que houve retomada entre janeiro e fevereiro.

As vendas líquidas subiram 14,4% no quarto trimestre, versus avanço de 21,6% 18,1% e 16,3%, no primeiro, segundo e terceiro trimestres de 2023, respectivamente. “Tivemos um trimestre mais ‘soft’ de venda, mas estamos normalizando neste ano”, disse Zagottis.

“Isso não tem jeito, acontece, o ‘tri’ veio fraco e depois tem o ‘rebound’, o setor continua com crescimento contratado [pelo envelhecimento contínuo da população]”, disse ele. No acumulado de 2023, a receita bruta alcançou R$ 36,3 bilhões, avanço de 17,4% sobre 2022.

No trimestre, pesou contra a falta de estoque de um medicamento com alta procura no mundo (a rede não menciona a marca) e a forte base de comparação de 2022, quando houve repique da covid. A Pague Menos já havia alertado para o cenário de desaceleração.

Esse fôlego menor na RD foi algo citado em relatórios, como de Itaú BBA e Bradesco BBI, mas os analistas reforçaram que, apesar disso, a rede perdeu menos ritmo que o setor, logo, ganhou “share”. Ao fim de 2023, alcançou participação de mercado de 16,1%, 0,9 pontos acima de 2022.

Sobre margens, a companhia registrou praticamente estabilidade no índice bruto, de 28,1%. Já a margem Ebitda, que mede lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação, alcançou 6,4%, queda de 0,8 pontos. Houve impacto de uma menor diluição das despesas operacionais pelas vendas mais fracas, e de um benefício que existia em 2022, e não se repetiu em 2023 (ganhos de PIS/COFINS sobre insumos). Também ocorreu efeito adversos da volta do Difal. No fim de 2023, o STF restabeleceu a cobrança de um diferencial de alíquota (Difal) do ICMS para 2022.

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