RS registra segunda maior mortalidade semanal no país
12 de novembro de 2021Recente aumento no registro de óbitos por covid-19 faz com que o Rio Grande do Sul ocupe o segundo lugar no ranking nacional da taxa de mortalidade semanal provocada pela pandemia em relação à população de cada Estado.
Os gaúchos ficam atrás apenas do Espírito Santo no índice de óbitos informados nos sete dias anteriores a ontem por cem mil habitantes. Esse agravamento, porém, não é acompanhado por elevação no número de pacientes internados em leitos clínicos ou de UTI. Entre as hipóteses cogitadas para o avanço, estão uma oscilação pontual ou uma maior mortalidade entre pessoas mais suscetíveis, como idosos sem a dose de reforço.
Conforme dados do Boletim Regional e do Cenário Covid-19/RS, elaborado pelo Piratini, ao longo dos últimos sete dias os gaúchos acumularam 202 registros de óbito por data de notificação. Isso resultou em média de 1,77 vítima semanal por cem mil habitantes - segundo pior índice nacional nesse período.
Por conta disso, a média de vidas perdidas, que vinha oscilando ao redor de duas dezenas ao dia, chegou a 25 na terça-feira e a 29 quarta (dado mais recente disponível até o começo da tarde de ontem) no RS. A cifra mais recente representou salto de 48% em comparação a 14 dias atrás e confirmou tendência de alta já verificada na véspera. Ainda não há explicações definitivas para as causas desse fenômeno, que, mesmo pontual, contraria tendência nacional de queda na mortalidade.
Um fator positivo é que essa elevação não vem acompanhada de piora generalizada nos indicadores. O número de internados segue em situação de estabilidade nas UTIs e apresenta até leve queda nos leitos clínicos. Se as hospitalizações estivessem crescendo, haveria risco muito maior de crescimento sustentado da mortalidade.
Entre as possíveis explicações para o salto no registro de vítimas estão um eventual represamento de notificações, já que dia 2 de novembro foi feriado, que estariam sendo contabilizadas agora. Dois fatores limitam o alcance dessa possibilidade: entre as 40 vítimas registradas na quarta-feira, por exemplo, 33 morreram nos sete dias anteriores. Além disso, outros Estados não tiveram o mesmo aumento recente, embora o feriado tenha sido nacional.
Outra hipótese é um aumento da mortalidade entre os grupos mais vulneráveis, como idosos que completaram o esquema vacinal há mais de seis meses e não tomaram dose de reforço. Uma análise das hospitalizações na UTI do Hospital Conceição, em Porto Alegre, oferece algumas pistas sobre isso: de 64 pacientes admitidos em estado crítico desde o começo de setembro até ontem, 35 já haviam completado o esquema. Porém, entre esse grupo, 19 doentes haviam se imunizado há mais de seis meses e não buscaram o reforço.
- Isso reafirma a importância de se comparecer a uma unidade de saúde para tomar mais uma dose - avalia a epidemiologista e coordenadora do Núcleo Hospitalar de Epidemiologia do Conceição, Ivana Varella.
- Ainda é um período curto de aumento para falar em tendência. Precisamos de mais tempo para ver se não volta a estabilizar. Mesmo levando em conta a vacinação, os modelos apontam para uma tendência de estabilização, de queda de braço entre a vacinação e o aumento das atividades - observa a professora de Epidemiologia da UFRGS Suzi Camey.
Informatização
O coordenador do Grupo de Trabalho Saúde do Piratini, Pedro Zuanazzi, afirma que será preciso monitorar os próximos dias para ter mais clareza sobre os rumos da pandemia. Ele lembra que o Estado já observou variações pontuais nas notificações por data de registro dos óbitos, sujeitas a variações também por conta da maior ou menor demora no processo de inserção dos dados no sistema:
- O ideal é monitorarmos como evoluem os óbitos por data de início dos sintomas. Porém, como leva um tempo até esses dados entrarem no sistema, é preciso aguardar um período de 14 dias para observarmos com mais segurança o que de fato está ocorrendo.
As informações compiladas por data de início dos sintomas da covid-19 até duas semanas atrás indicavam, até aquele momento, um cenário de estabilidade.
MARCELO GONZATTO.
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