São Paulo ainda tem baixa imunização contra gripe
09 de junho de 2025Situação no Estado preocupa especialistas diante do quadro de aumento no registro de casos de síndrome respiratória no País.
LAYLA SHASTA
TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO
Vacinação contra a gripe: até o momento, apenas 34,88% do público prioritário foi imunizado em SP.
A vacinação contra a gripe no Estado de São Paulo continua com baixa adesão do público prioritário, formado por idosos, crianças menores de 6 anos e gestantes. Até o momento, 34,88% desse grupo recebeu a vacina. A situação da cobertura vacinal preocupa especialistas diante do aumento dos casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) por influenza A e pelo vírus sincicial respiratório (VSR) no Brasil.
Na capital paulista, os índices de imunização contra a gripe seguem a tendência. A cobertura vacinal geral está em 37,3%, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Entre os idosos, 39% foram vacinados. A taxa cai para 33,4% entre crianças de 6 meses a menores de 6 anos, e para 30,8% entre gestantes.
A meta estabelecida pelo Ministério da Saúde é vacinar 90% da população prioritária – na capital, isso corresponde a 2,9 milhões de pessoas. No Estado, o grupo prioritário soma 19,3 milhões de indivíduos. Segundo o infectologista Rodrigo Lins, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), os números estão muito abaixo do esperado. “A ( vacina contra) influenza costuma ter de 60% a 70% de cobertura”, diz. No mês passado, o governo de São Paulo ampliou a vacinação para toda a população acima de 6 meses. Além disso, em 2025, a vacina contra a gripe passou a integrar o Calendário Básico de Vacinação, passando a ter oferta contínua.
FALTA VACINA?
Levantamento do Estadão mostra que, de 498 postos de vacinação, seis (1,2%) estavam sem vacina da gripe: Centro de Saúde Escola Barra Funda, UBS Chora Menino, Serviço de Atenção Especializada DST/Aids (SAE) Campo Limpo, UBS Paraisópolis III, UBS Novo Jardim I e UBS Jordanópolis. Em nota, a Prefeitura disse que “no momento, as UBSs e SAEs estão abastecidas com os imunobiológicos para o público que atendem”.
Segundo o último boletim InfoGripe, da Fiocruz, 15 das 27 capitais estão com níveis de SRAG classificados como alarmantes, de risco ou alto risco, com tendência de crescimento. São Paulo integra a lista.
Alvo principal
Idosos, crianças pequenas e gestantes são mais vulneráveis e, por isso, são o público prioritário
Em todo o País, já foram notificados quase 84 mil casos de SRAG em 2025. Desses, cerca de metade apresentou resultado positivo para algum vírus respiratório. Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os positivos foi de 38,9% de influenza A, 0,9% de influenza B, 47,3% de VSR, 15,9% de rinovírus e 1,7% de covid-19.
Além disso, o número de óbitos é motivo de alerta: 73,4% das mortes por síndrome respiratória grave nesse período são associadas ao vírus influenza A, 12,8% ao VSR, 10,4% ao rinovírus, 5,1% à covid-19 e 1,3% ao influenza B.
Segundo especialistas, embora o aumento de SRAG seja esperado nesta época do ano, os números estão ultrapassando as expectativas. “Temos visto um aumento muito importante no número de casos de influenza em todo o País, e é a primeira vez ( desde a pandemia) que a gente tem a influenza passando a covid-19 em número de óbitos e internações”, alerta Juarez Cunha, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
A médica Gisela Gosuen, consultora da SBI, explica que neste ano os casos começaram a aumentar antes do esperado. Ela aponta que a baixa cobertura vacinal está ligada ao crescimento. “Infelizmente, talvez pela crença de que vacinas não protegem ou podem fazer mal, as taxas de vacinação caíram e a população mais vulnerável está mais suscetível, necessitando muitas vezes de internação”, afirma.
Segundo o Ministério da Saúde, a vacina contra a gripe pode prevenir de 60% a 70% dos casos graves e mortes causados pelo influenza. Estudos também indicam que ela contribui para reduzir o risco de enfarte, acidente vascular cerebral (AVC) e outras complicações cardiovasculares.
Idosos, crianças pequenas e gestantes são os mais vulneráveis aos prejuízos provocados pelo vírus, por isso se enquadram como público prioritário. De acordo com a Fiocruz, entre idosos predominam os óbitos por influenza A. Já entre as crianças, o maior número de casos graves e mortes está associado ao rinovírus, mas também ao influenza A.
Os especialistas lembram que a importância da vacinação vai além da proteção individual. “Com a vacina, você também está promovendo proteção em massa, porque não adquire a infecção e, com isso, interrompe o ciclo de transmissão”, afirma Gisele. Quem ainda não tomou vacina, pode procurar a UBS mais próxima.
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