Abrafarma Logo
Área
Restrita
Abrafarma Logo

Solução com água de coco: Universidade no Ceará desenvolve método inovador para preservação de rins para transplantes

10 de julho de 2025
Fonte: Jornal O Globo - RJ

Solução à base de água de coco desidratada pode ajudar a reduzir custos, otimizar os recursos disponíveis no Brasil e possibilitar a realização de mais transplantes.

De acordo com a médica-cirurgiã e professora da Uece, Ivelise Canito Brasil, orientadora do estudo, a proposta foi desenvolver um produto nacional, capaz de preservar órgãos para transplante e, assim, "reduzir custos, otimizar os recursos disponíveis no Brasil e possibilitar a realização de mais transplantes". A professora é também diretora do Hospital Universitário do Ceará (HUC) e ex-diretora do Hospital Geral de Fortaleza (HGF), referência nesse tipo de procedimento.

O Brasil é um dos países que mais realizam transplantes de rins no mundo. No entanto, um dos grandes desafios enfrentados globalmente nesse tipo de procedimento é a preservação adequada dos órgãos.

Para tentar resolver essa questão, pesquisadores do Núcleo Integrado de Biotecnologia (NIB), da Faculdade de Veterinária da Uece (Favet), utilizaram como base a água de coco desidratada.

"Optamos pela água de coco desidratada devido às suas propriedades bioquímicas e ao histórico positivo na preservação de outros tecidos. Ela possui uma composição rica em nutrientes, eletrólitos, antioxidantes e agentes oncóticos que podem ser benéficos para a preservação renal", explica o pesquisador principal do projeto, médico Rômulo Augusto da Silveira, doutor em Biotecnologia pela Uece, em comunicado. "Embora já tenha sido testada para preservação de células e tecidos, essa é a primeira vez que a água de coco é aplicada especificamente à preservação de rins, o que torna nossa pesquisa inédita", completa.

De acordo com Brasil, o primeiro experimento, feito em mamíferos, rendeu um resultado "excelente".

"Essa é a fase inicial de uma pesquisa que já demonstra a qualidade e a eficiência dessa solução para a preservação de órgãos de mamíferos. Na sequência, o produto deverá passar por outras etapas de desenvolvimento, com o objetivo de, futuramente, ser aplicado em seres humanos", diz.

O pesquisador Rômulo Silveira se mostra otimista quanto ao potencial da técnica: “Embora o foco inicial tenha sido os rins, acreditamos que o processo pode ser adaptado para a preservação de outros órgãos sólidos, como fígado e vasos sanguíneos. Estudos adicionais serão necessários para investigar essa possibilidade”.

Com o avanço do projeto, a expectativa é que o país alcance ganhos expressivos.

"Os benefícios financeiros são significativos, pois se estima que a economia com essa solução seja de 70% em relação ao custo atual. Além disso, nosso processo está sendo desenvolvido para dispensar a necessidade da cadeia do frio. Considerando as variações climáticas e logísticas do Brasil, isso representa não apenas redução de custos, mas maior viabilidade de distribuição e uso. Ao facilitar a logística, também otimizamos processos como a captação, preservação e alocação dos órgãos", explica a professora.

O próximo passo é buscar financiamento para as próximas etapas do desenvolvimento.

"Ainda há um longo caminho a ser percorrido até que o produto esteja apto para uso humano. Precisamos de investimentos para avançar para testes em animais de maior porte e, em seguida, iniciar a etapa de preservação de órgãos humanos em situação de perfusão. Superadas essas fases, buscaremos as aprovações da Anvisa para o início do protocolo em humanos", diz Brasil.

Você é jornalista? Participe da nossa Sala de Imprensa.

Cadastre-se e receba em primeira mão: informações e conteúdos exclusivos, pesquisas sobre a saúde no Brasil, a atuação das farmácias e as principais novidades do setor, além de dados e imagens para auxiliar na produção de notícias.

Vamos manter os seus dados só enquanto assim o pretender. Ficarão sempre em segurança e a qualquer momento, pode deixar de receber as nossas mensagens ou editar os seus dados.