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Supermercados querem ‘store in store’ de medicamentos, com farmácia dentro da loja

13 de junho de 2025
Fonte: Jornal Valor Econômico – SP

Trata-se de um formato parecido com o que se vê nos EUA, com a área de medicamentos separada, ao fim da loja.

Por Adriana Mattos , Valor — São Paulo

As redes de supermercados entraram com um projeto para a venda de medicamentos isentos de prescrição (MIP), em áreas demarcadas dentro dos pontos de venda (espécies de “store in store”), e levaram a proposta na quarta-feira (11), à Comissão de Assuntos Sociais do Senado. A tentativa é buscar um entendimento com as farmácias em relação a esse tema.

Na visão das drogarias, os supermercados desistiram da ideia anterior de vender os itens em gôndolas livremente, e “caíram em si”, após perceberem dificuldades em avançar com o tema junto aos parlamentares, diz um interlocutor do setor. Os supermercados afirmam que essa ideia de venda nas prateleiras das lojas nunca existiu.

“Não propomos nas negociações vender livremente [os remédios], e essa ideia ‘colou’ por aí. Nós queremos vender os produtos, e agora apresentamos nosso modelo de como isso pode ser feito, tudo dentro das regras da Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária]”, afirma um vice-presidente de uma rede do segmento. Trata-se de um formato parecido com o que se vê nos EUA, com a área de medicamentos separada, ao fim da loja. Caso supermercadistas não tenham como operar esse espaço separadamente, uma das possibilidade previstas é fechar acordo para deixar a gestão do espaço com uma rede de farmácias. Essa foi uma forma de facilitar a administração do negócio para as empresas menores, que não têm interesse em vender medicamentos. Ainda pode ser uma forma de facilitar o apoio das drogarias para o projeto, dizem fontes.

A Anvisa já teria se manifestado favoravelmente à essa ideia de abrir uma farmácia completa com área delimitada dos supermercados, hipermercados e atacarejos, durante a audiência pública, segundo duas redes de supermercados. A proposta foi debatida e levada ontem à comissão pelas lideranças da Abras, a associação nacional do setor, após contatos com associados e estudos sobre modelos utilizados pelas varejistas nos EUA e Europa. Não houve adesão imediata de todos os associados à ideia da “store in store”, apurou o Valor, mas há uma percepção de que pode ser uma solução até melhor do que no começo da discussão do tema.

“O plano B pode ser até melhor que o plano A. Ficaríamos com uma área reservada, bem exposta, iluminada”, diz uma fonte. A Abras afirma que não há nenhuma loja no país vendendo remédios dessa forma hoje, já que ela não é permitida pela Anvisa.

A Abrafarma, em nota publicada hoje, diz que supermercados já vendem seus produtos nas suas galerias (fora da área de vendas do supermercado) e há 21,4 mil lojas operando com esse formato — que não é o mesmo apresentado ontem à comissão. A entidade das farmácias informa que irá analisar a proposta das empresas, mas informa ainda na nota que houve uma mudança na posição dos supermercados, o que mostra a “precariedade do projeto original”.

Esse assunto começou a ganhar força no começo deste ano, desde que se tomou conhecimento que a Abras, a associação nacional de supermercados, e outras entidades, apresentaram ao governo, em novembro, sugestões para melhoria da eficiência do setor, e uma das propostas era a venda de medicamentos sem receita nas lojas. Quando as farmácias ficaram a par da discussão, a reação foi imediata, e as divergências entre as partes só escalaram, a ponto de executivos dos dois segmentos se desentenderem nas redes sociais. Na comissão, as discussões subiram de tom nas duas últimas reuniões, quando representantes das farmácias estiveram defendendo sua posição contrária ao projeto dos supermercados.

A ideia de uma “store in store” foi amadurecendo nas últimas semanas, após contatos do comando da Abras com o Conselho Federal de Farmácias (CFF), cerca de 15 dias atrás. Foi levantado o risco que a venda nas lojas poderia criar para o setor de varejo, pelo efeito concorrencial sobre as farmácias de pequeno forte, e aos próprios supermercados, já que as farmácias também poderiam pleitear a venda livre de itens dos supermercados.

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