Uso de IA mais que dobra na indústria brasileira
25 de setembro de 2025Parcela das empresas que usam inteligência artificial avançou de 16,9% em 2022 para 41,9% em 2024.
Por Lucianne Carneiro — Do Rio
A adoção de inteligência artificial pelas empresas industriais brasileiras disparou em 2024, ante 2022, ao lado de avanço do uso combinado de tecnologias digitais avançadas, como análise de big data e internet das coisas.
O retrato da rotina da indústria nacional está na Pesquisa de Inovação (Pintec) 2024: Tecnologias Digitais Avançadas, Teletrabalho e Cibersegurança, realizada pelo IBGE em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
A parcela das empresas que usam inteligência artificial avançou de 16,9% em 2022 para 41,9% em 2024. Em valores absolutos, o número subiu de 1.619 para 4.261, em igual base de comparação. Ao mesmo tempo, a participação das empresas com utilização das seis tecnologias digitais investigadas pelo IBGE aumentou de 3,7% em 2022 para 5% em 2024. Também cresceram as fatias de empresas com uso de cinco tecnologias (6,1% em 2022 para 8,6% em 2024), quatro tecnologias (10,4% para 15,2%), e três tecnologias (20,5% para 23,2%).
São consideradas, no escopo da pesquisa, as seguintes tecnologias: análise de big data; computação em nuvem (serviço pago); inteligência artificial; internet das coisas; manufatura aditiva (impressora 3D); e robótica. A expansão da utilização combinada das tecnologias digitais avançadas foi acompanhado por queda no percentual das empresas que adotam apenas uma das seis soluções investigadas, de 27,7% em 2022 para 20,8% em 2024.
O estudo foi feito a partir de amostra de 1.731 empresas do setor industrial com cem funcionários ou mais e os dados foram projetados para 10.167 companhias do mesmo perfil. O salto da inteligência artificial no Brasil coincide com a popularização do ChatGPT, ferramenta de IA generativa lançada pela OpenAI no fim de 2022.
Em muitos setores, o uso da IA é questão de sobrevivência”
— Flavio Peixoto
O técnico do IBGE Flavio Peixoto explica que a pesquisa não investiga qual é o tipo de inteligência artificial usada pelas empresas industriais, mas diz ser possível associar o crescimento à IA generativa, que cria novos textos e imagens: “O ChatGPT começou em novembro de 2022, mas o aprendizado ainda estava em andamento. O ano de 2023 foi possivelmente de maior aprendizado, houve dois anos para o avanço e isso talvez explique esse aumento tão grande”.
Entre aquelas com 500 ou mais trabalhadores, o percentual é de 57,5%, mas cai para 42,5% nas companhias entre 250 e 499 pessoas ocupadas. Nas empresas menores, com até 100 funcionários, essa taxa é de 36,1%.
O IBGE também investigou a aplicação por atividades da indústria. O segmento de equipamentos de informática, eletrônicos e ópticos é o que tem a maior disseminação no uso da tecnologia, presente em 72,3% de suas empresas. Em seguida, aparecem máquinas, aparelhos e materiais elétricos (59,3%); e produtos químicos (58%).
Na outra ponta, a indústria de manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos tem o menor percentual de uso (19,2%), seguido por couro (20,7%) e fumo (22,9%).
“Em muitos setores, [o uso da inteligência artificial] é uma questão de sobrevivência. Ou a empresa faz esse movimento ou será excluída, não faz mais parte dessa cadeia”, afirma Peixoto.
A Pintec também acompanhou a prática do “home office” e verificou que a fatia das empresas com esse regime de trabalho caiu de 47,8% em 2022 para 43% em 2024. A adoção deste regime de trabalho recuou em todas as categorias de companhias, quando se considera o número de pessoas ocupadas. O perfil, no entanto, permanece o mesmo: quanto maior o porte da empresa, maior é a prática.
Nas empresas maiores, com 500 ou mais pessoas ocupadas, o percentual caiu de 68,1% em 2022 para 65,3% no ano passado. Na faixa intermediária, entre 250 e 499 trabalhadores, a taxa passou de 49,1% para 39,1% nesse período. No caso das companhias industriais na faixa de 100 a 249 pessoas ocupadas, a prática agora está presente em 36,1% do total, ante 40,7% em 2022.
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