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Varejo tem resultado modesto e deve enfrentar ambiente adverso

10 de fevereiro de 2022
Fonte: Jornal Valor Econômico – SP

Retração em comparação com mesmo mês de 2020 foi de 2,9% mas ano termina com alta de 1,4%.

Por Marsílea Gombata, Lucianne Carneiro e Alessandra Saraiva — De São Paulo e do Rio

As vendas no varejo tiveram desempenho modesto em dezembro, encerrando 2021 dentro do esperado pelos economistas. O cenário adiante se manterá adverso, com inflação ainda alta, aumento da taxa de juros, recuperação parcial do emprego e renda e maior endividamento das famílias.

O volume de vendas no varejo restrito caiu 0,1% em dezembro, frente a novembro, na série com ajuste sazonal, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com isso, o comércio teve crescimento de 1,4% em 2021, frente 2020, quando cresceu 1,2%. Dezembro também registrou queda de 2,9% frente a igual mês de 2020

No varejo ampliado, que inclui as vendas de veículos e motos, partes e peças, e material de construção, o volume de vendas subiu 0,3% na passagem entre novembro e dezembro, já descontados os efeitos sazonais. Com isso, o resultado de 2021 para varejo ampliado foi de alta de 4,5% frente a 2020. Na comparação com dezembro de 2020, o volume de vendas do varejo ampliado caiu 2,7%.

As vendas no varejo ampliado em dezembro surpreenderam negativamente, mas alguma recuperação deve ocorrer em janeiro, diz Marina Garrido, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre). “Pensamos que, por conta de indicadores antecedentes como produção de veículos, que cresceu em dezembro, o varejo ampliado viria um pouco mais aquecido”, afirma.

Ela observa que os níveis de estoques na indústria de carros estão insuficientes - cerca de 27%, ante média de 3,4% de 2017 a 2019 -, o que indica demanda por carros represada. “Por isso, achamos que essa demanda e o aumento da produção se refletiriam em aumento do consumo dos automóv

A gente espera repique em janeiro.” O varejo brasileiro restrito registrou queda de 2,1% no quarto trimestre de 2021, na comparação com o terceiro trimestre. Tratou-se do segundo período seguido de recuo na série com ajuste sazonal, após queda de 1,6% no terceiro trimestre. No primeiro trimestre de 2021 o varejo restrito teve queda de 2,8%, e no segundo, alta de 1,8%.

Depois de desacelerar no último trimestre, o comércio de bens deve ter recuperação modesta no início do ano, prevê Isabela Tavares, da Tendências Consultoria. Na divulgação feita ontem, o IBGE ressaltou que apenas duas das oito atividades do varejo restrito encerraram 2021 com o patamar de vendas acima do observado antes da pandemia.

O número mostra a extensão da crise sanitária no comércio. O varejo restrito está 2,3% abaixo do nível de fevereiro de 2020. Inflação mais alta, estabilidade do rendimento médio, promoções ao longo do ano e base de comparação elevada contribuíram para vendas mais fracas do comércio em dezembro de 2021, frente a dezembro de 2020, segundo o gerente da PMC, Cristiano dos Santos. Esse cenário adverso continuará nos próximos meses travando o varejo neste ano, diz Lucas Rocca, da LCA Consultores.

“No agregado, vemos nível bastante deprimido em relação ao que observamos a partir de meados 2020 e na primeira metade de 2021. Então já havia recuo das vendas na segunda metade do ano passado”, diz. Rocca cita fatores que contribuíram para essa desaceleração, como inflação alta, emprego e rendimento nominal e real baixos, e taxa de juros alta, encarecendo o crédito.

O endividamento das famílias cresceu ao longo de 2020 e 2021, quando famílias passaram a separar maior parte do orçamento para pagar dívidas, acrescenta. A LCA prevê crescimento de 1% no varejo ampliado e de 1,2% no restrito em 2022. A Tendências projeta alta de 1,1% do restrito e de 1% para o ampliado.

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